FIDC como ferramenta de financiamento de prefeituras

Rodrigo Balassiano destaca como o FIDC pode se tornar uma ferramenta estratégica de financiamento para prefeituras.
Anastasya Sokolova By Anastasya Sokolova
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O uso de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) como instrumento para o financiamento de prefeituras vem ganhando espaço no mercado brasileiro, principalmente em um cenário de restrições orçamentárias e busca por maior eficiência na gestão pública. Rodrigo Balassiano, especialista em operações estruturadas e gestão de ativos, explica que essa modalidade possibilita que administrações municipais antecipem receitas provenientes de tributos e transferências, obtendo recursos imediatos para investimentos e despesas essenciais. Essa alternativa alia liquidez e previsibilidade, criando um canal eficiente para viabilizar projetos e manter serviços públicos de qualidade.

O funcionamento desse modelo baseia-se na cessão de recebíveis que a prefeitura tem direito a receber ao longo do tempo, como parcelas de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto Sobre Serviços (ISS) ou quotas de repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Ao transferir esses direitos creditórios para um FIDC, a administração municipal recebe à vista o valor descontado, que pode ser utilizado de forma estratégica para atender demandas prioritárias. Para o investidor, o atrativo está na previsibilidade dos fluxos de pagamento e no lastro associado a receitas públicas.

Financiamento de prefeituras: estrutura e vantagens

A estrutura do FIDC voltado ao financiamento de prefeituras segue princípios semelhantes aos de outros fundos dessa natureza, mas com particularidades ligadas ao setor público. Rodrigo Balassiano ressalta que a análise de viabilidade inclui uma avaliação minuciosa da capacidade de arrecadação do município, do histórico de adimplência dos contribuintes e da estabilidade das transferências intergovernamentais. Esses elementos são fundamentais para garantir a segurança do fluxo de caixa e a saúde financeira do fundo.

Descubra com Rodrigo Balassiano de que forma os FIDCs podem apoiar a gestão pública no acesso a recursos financeiros.
Descubra com Rodrigo Balassiano de que forma os FIDCs podem apoiar a gestão pública no acesso a recursos financeiros.

Entre as principais vantagens desse formato está a possibilidade de acessar recursos de forma rápida, sem recorrer a operações de crédito tradicionais que muitas vezes envolvem trâmites mais complexos e limites impostos pela legislação fiscal. O FIDC também permite a adaptação das condições de amortização às particularidades do município, considerando sazonalidades de arrecadação e fluxo de caixa.

Outro ponto de destaque é a transparência exigida pela regulamentação. O fundo deve apresentar relatórios periódicos sobre a composição da carteira, a performance dos ativos e eventuais inadimplências, garantindo que investidores e demais partes interessadas tenham acesso a informações claras e atualizadas. Essa prática fortalece a credibilidade da operação e incentiva a participação de mais investidores.

A mitigação de riscos também é parte essencial da estrutura. Mecanismos como cotas subordinadas podem ser utilizados para absorver perdas antes de afetar os cotistas seniores, oferecendo maior proteção ao capital investido. Além disso, o uso de garantias adicionais, como seguros de crédito, contribui para reforçar a segurança da operação.

A adoção de tecnologia na gestão desses fundos tem ampliado a eficiência. Sistemas especializados permitem o acompanhamento em tempo real da arrecadação, a análise de indicadores financeiros e o monitoramento de eventuais atrasos nos repasses. Rodrigo Balassiano aponta que esse controle é vital para antecipar riscos e adotar medidas corretivas rapidamente, preservando a rentabilidade do fundo.

Outro fator que merece atenção é o alinhamento regulatório. O administrador e o gestor do FIDC devem assegurar que todas as etapas da operação estejam em conformidade com as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e com as leis que regem a gestão fiscal dos municípios. O cumprimento rigoroso dessas exigências garante legitimidade e reduz potenciais questionamentos jurídicos.

Considerações finais

O FIDC como ferramenta de financiamento de prefeituras representa uma solução eficiente para ampliar a capacidade de investimento municipal sem comprometer a saúde fiscal. Ao transformar receitas futuras em recursos imediatos, esse modelo oferece benefícios para gestores públicos e investidores, desde que haja governança sólida, avaliação criteriosa e mecanismos robustos de mitigação de riscos. Quando bem estruturado e administrado, o FIDC pode contribuir para melhorar a infraestrutura urbana, expandir serviços essenciais e promover o desenvolvimento local de forma sustentável.

Autor: Anastasya Sokolova

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